Essa é a carta mais longa que eu já escrevi. São 10 minutos de leitura - quase uma mini live, só que por escrito. Mas se você gosta dessa matéria (o amor), encontra uma pausa, vem com calma, pega seu caderno pra anotar o que ressoar, faz um cacau, um café ou um cházinho… e vem comigo explorar esse universo infinito.
Cuidado com o que você pede.
As vezes eu esqueço que eu manifesto minhas intenções antes do que eu esperava.
Semana passada eu senti de parar de escrever sobre a minha vida pessoal nessa carta. Pensei em focar só nas respostas da consciência amorosa que eu tenho canalizado sobre as minhas questões existenciais - que eu já entendi que são questões de muita gente. Sem entrar em detalhes.
Mas hoje eu lembrei que eu criei essa carta pra ser um diário pessoal sobre o que eu sinto.
E aí percebi que foi justamente agora que o tema relacionamento amoroso está em evidência na minha experiência, que eu me senti vulnerável. Porque essa é uma matéria do currículo escolar da vida onde eu não me sinto uma aluna destaque.
Já reprovei algumas vezes, mesmo depois de estudar muito. Já fiz reforço, já pedi ajuda para os universitários e apesar de ter evoluído bastante, ainda não tirei 10 na prova.
Afinal, como assim uma mulher bonita e de bem com a vida, que medita todos os dias, faz yoga, tá com a terapia em dia, trabalha com o que ama, é mentora de líderes de transformação, viajada, independente e bem resolvida, com 33 anos…não está casada ainda? Que vergonha, Carolina - disse o meu ego, revirando os olhos pra cima.
Pois é. Talvez seja, se eu acreditar na história que eu aprendi sobre onde eu deveria estar com 33 anos.
Pra ser bem sincera eu nunca fui a jovem moça que sonhava em casar e ter filhos. Quando eu era mais nova eu sonhava em ser astronauta ou explorar o mundo em um veleiro.
Mas de uns tempos pra cá - depois de namorar muito, viajar pra muitos lugares e experimentar o tal do relacionamento aberto (Deus me livre dessa experiência) eu acessei esse desejo no fundo do meu coração.
O desejo da estabilidade. Do comprometimento. Da devoção.
O desejo de criar raízes. De construir um legado.
O desejo de co-criar a realidade com alguém.
Só que esse desejo me dá um medo danado.
Porque essa matéria da vida (o amor) de uns tempos pra cá me deixou confusa. Mesmo sabendo que eu já tive relacionamentos estáveis, saudáveis, leves e divertidos, bastou uma experiência traumática pra eu querer evitar essa aula (do amor).
Eu sei que essa experiência veio pra me mostrar minhas sombras - que eu já integrei com muita arte, magia e terapia. Eu sei que eu sou uma super parceira e que é uma delícia co-criar a vida comigo porque eu vivo com profundidade e alegria. Não é porque eu sou leonina com ascendente em escorpião, mas eu me namoraria.
Até a lua em sagitário com vênus em câncer eu já aprendi a sintonizar. Ambas as partes entraram em um acordo e sabem que é possível ter liberdade e lealdade no mesmo lar.
Então como pode?
EU TENHO MEDO DE QUE, MEU DEUS?
Se todos somos poeira cósmica estelar e para o infinito iremos retornar.
Se isso aqui é só uma experiência humana. Onde todas as emoções a alma vem experienciar?
Eu não faço nenhuma questão de mostrar que eu já entendi tudo sobre a vida.
O meu compromisso é com a verdade. A verdade do que eu sinto. E é por isso que eu comecei tudo isso (essa loucura de compartilhar o que eu penso com as pessoas online).
Respirei fundo.
Vamos lá, então.
Essa é a história do que eu aprendi em Bali sobre a matéria do amor:
2 meses se passaram em um piscar de olhos.
Eu sinto que eu poderia ficar mais, mas eu precisei sair por causa do visto.
Uma nova aventura me espera e normalmente eu fico toda empolgada com a dopamina do desconhecido. Mas dessa vez eu senti um pouco de tristeza.
Uma sensação de saudades misturada com decepção. Talvez isso signifique que eu vou voltar. Talvez não.
Foram 2 meses de intensos aprendizados, aventuras, curas, conexões, realizações e manifestações.
A energia dessa terra é de fato, mágica além dos meus sonhos.
E ao mesmo tempo que UAU, quanta coisa linda eu vivi aqui, aquilo que eu achei que ia acontecer não aconteceu exatamente como eu previ.
Há 10 anos eu alimentava uma história na minha mente que um dia eu ia morar em Bali. E que aqui eu ia encontrar combinação perfeita de natureza com comunidade criativa. E que provavelmente eu ia encontrar o amor da minha vida (geração das princesas da Disney que nunca criaram fantasias amorosas que atirem a primeira pedra).
Se o tempo não é linear e tudo é passageiro, posso dizer que manifestei a visão, só que não por inteiro. Morei em Bali por dois meses. E confesso que encontrei um amor para esse momento.
Mas eu não encontrei um lar. Não recebi o convite pra ficar. Mais uma vez, não senti no meu coração que aqui é o meu lugar. Pelo menos não agora.
Poxa. Eu imaginei que dessa vez alguém nesse lugar iria me raptar e dizer: PARA QUIETA MENINA, AGORA VOCÊ VAI FICAR.
Nada disso aconteceu.
E enquanto nenhum acontecimento me convida pra criar raízes… minha alma me convida pra continuar a explorar. E esse impulso eu não consigo controlar. Eu preciso de um motivo pra ficar, caso contrário eu continuo a voar. Ou nadar, como diria Dori (continue a nadar, continue a nadar…).
Imaginei uma sereia-passarinha. É assim que eu me sinto as vezes. Uma parte quer subir, outra parte quer submergir. Uma quer ascender, outra descender. Uma parte quer leveza, outra quer as profundezas. Me pergunto se existe alguém assim.
No fundo sei que existe, sim.
Da breve história de amor, recebi um presente e uma lição. Mas eu já sabia desde o início: era uma conexão para ser vivida sem apego e sem expectativa, com data de conclusão.
Foi uma oportunidade de ouvir o meu corpo, minha intuição, impor limites saudáveis, dizer não, comunicar minhas necessidades, lembrar de quão amada eu sou… e ter mais clareza dos meus medos e comportamentos inconscientes que tentam evitar justamente o que eu mais quero.
Parece uma piada cósmica.
Eu conheci um homem aparentemente (3 semanas não foi o suficiente pra ter certeza) consciente, espiritual, saudável, comprometido com seu propósito e sua evolução, bonito por dentro e por fora (até demais pro meu gosto, socorro) e consistente com suas palavras e ações. Mas algo em mim dizia que era bom demais pra ser verdade.
Logo depois que eu escrevi a carta da semana passada onde eu intencionei que eu decidia abrir o meu coração pro amor verdadeiro, esse homem olhou nos meus olhos e me disse: eu te amo e quero construir uma vida com você.
QUE?
Não pode ser.
Congelei. Senti uma muralha subindo e envolvendo o meu coração.
A mente logo me alertou: Sinal vermelho. Isso não pode ser verdade. Ele nem me conhece. Muito rápido. Muito intenso. Deve ser manipulação. Será que ele é narcisista? Será que ele só quer me conquistar pra me levar pra cama? Lembra o que aconteceu da última vez que um homem olhou pra você assim com tanta paixão logo no início da relação? Isso é tauma-bond. Ilusão. Fuja agora para as montanhas CAROLINA.
Observando a turbulência dos meus pensamentos, questionei:
Ei, moça. Tá tudo bem. Respira. Será que esses pensamentos estão sendo engatilhados pelo seu trauma da experiência no passado, ou é a sua intuição que sente que tem algo errado?
COMO SABER se o que a vida está te oferecendo é um presente mesmo, ou se é um teste/oportunidade pra colocar em prática um aprendizado e quebrar o padrão?
Essa tem sido a minha exploração nos últimos 3 anos, depois que eu vivi aquela desilusão. Ouvir minha intuição.
Mas eu estou cansada de dizer não. Quando meu corpo sente que algo não está em alinhamento, quando eu sinto alguma distorção energética na pessoa que eu estou conhecendo, imediatamente eu mudo de direção. Conheci homens que pareciam incríveis - mas basta um sinal de perigo pra eu fechar a porta do coração.
Eita.
E aí eu percebi.
Minha nossa senhora.
Agora eu vi.
Talvez o que eu achava que era a lição, não é mais a lição.
Agora essa é questão:
Eu estava manifestando relacionamentos que comprovavam a crença limitante de que eu não podia confiar no outro, mas eu podia confiar na minha intuição. E para não correr o risco de ser decepcionada, eu precisava dizer não.
Ai.
A verdade as vezes dói.
Mas liberta.
Então esse era o meu novo padrão:
“Viu? Eu sabia que eu não podia confiar. Mas dessa vez eu não vou cometer o mesmo erro do passado. Dessa vez eu vou seguir a minha intuição, vou rejeitar antes de ser iludida e aí eu vou ganhar.”
As vezes eu queria entender menos sobre o comportamento humano. Mas eu entendo.
E o que acontece é o seguinte:
Depois de uma experiência traumática, uma parte da nossa psiquê quer concertar o erro do passado. Como? Atraindo experiências semelhantes - onde agora, vamos vencer.
Dessa vez, você não vai ser abandonada, você vai abandonar.
Dessa vez, você não vai ser rejeitada, você vai rejeitar.
Como no relacionamento passado eu cometi o erro de não ouvir a minha intuição, agora eu estava manifestando várias oportunidades para experienciar o contrário.
E fiquei presa nessa repetição:
1 - Alguém incrível aparece que parece ser tudo o que eu pedi a Deus. Mas eu sinto a sensação de que é bom demais pra ser verdade e eu não posso confiar.
2 - Dessa vez, mesmo sentindo atração, eu vou ouvir minha intuição e me distanciar.
3 - Agora eu vou rejeitar e dizer não, antes de passar por uma desilusão.
4 - Sinto que venci e fui bem na prova, passei no teste.
Só que a mesma situação se repete, com outra face.
Observo isso agora e tenho vontade de chorar.
Por que por um lado, isso faz parte do meu processo de evolução.
Se no passado eu não soube impor limites e dizer não, minha alma agora quer experienciar situações onde eu imponho limites e digo não, pra provar pra mim mesma que eu aprendi a lição.
Mas até quando?
Até eu cansar.
Até ficar mais dolorido permanecer no medo, do que dizer sim pro meu desejo.
E eu sei que eu não estou sozinha nessa questão.
Eu conheço muita gente viajando pelo mundo. E em todos os lugares eu encontro pessoas que viveram alguma desilusão amorosa. Pessoas que estão indisponíveis emocionalmente para se entregarem por inteiro. Pessoas que tem medo do amor, desconfiam do amor e evitam o amor verdadeiro.
Procura-se confiança para amar verdadeiramente, pensei.
Ou para desconstruir a história que aprendemos sobre o amor.
Eu não sei você, mas eu cresci em uma sociedade que coloca muita ênfase nessa narrativa: só seremos felizes se encontrarmos o amor da nossa vida.
Quando eu sei que só seremos felizes se encontrarmos o amor na nossa vida.
E assim eu fiz, mais uma vez. Eu fugi para as montanhas pra encontrar o meu amor próprio.
Passei 2 dias em silêncio imersa em uma floresta, na região de Munduk ao lado de uma cachoeira. Era assim que eu queria passar meus últimos dias aqui. Sozinha, em silêncio.
Detalhe: eu podia ter passado os últimos dias em Bali imersa em uma paixão intensa, mas eu venci a tentação.
Tudo bem, tudo bem, era uma repetição de padrão. Eu estava repetindo o teste onde para ganhar, mais uma vez eu precisava ouvir minha intuição e dizer não (esse não foi fácil).
Talvez eu precisei repetir essa lição tantas vezes porque eu queria internalizar essa sabedoria profundamente:
Se traz paz pro seu coração, é pra você.
Se tira a paz do seu coração, não é pra você.
…
E depois de 48h de silêncio, natureza e meditação, eu vi.
E pude observar a perfeição e a beleza de tudo o que estava se apresentando pra mim aqui.
Contemplei todas as experiências que engatilharam a minha falta de confiança em mim mesma.
Em uma meditação recebi uma visão. Mama Bali se aproximou, como uma aparição.
A Deusa-mãe que habita nessa Terra, se apresentou e me deu uma chave e uma carta.
Li em letras douradas: YOU CAN TRUST YOURSELF.
(você pode confiar em si mesma).
Chorei.
Eu sei.
EU SEI.
Essa é a chave que faltava.
Eu não vou confiar no outro se eu sinto que eu não posso confiar em mim.
Eu preciso aprender a confiar tanto em mim mesma, tanto na minha intuição, tanto no amor de Deus, tanto no fato de que eu sou amada e eu sou o amor,
que o medo se torna uma ilusão.
Porque se eu confio em mim mesma e eu sei que eu sou verdadeiramente amada,
é óbvio que eu vou saber escolher o que é melhor pro meu coração.
é óbvio que eu vou saber em quem confiar
é óbvio que eu vou sentir quando o amor é verdadeiro
é óbvio que eu vou atrair pessoas que me amam de verdade, como Deus me ama por inteiro.
E aí eu posso parar de me testar.
Como duvidar?
Entrei na cachoeira. Orei. Chorei. Gritei. Senti a dor do desamor, das frustrações, do medo. Pedi por limpeza. Pedi por clareza. Pedi pra mãe divina me ajudar para que eu pudesse deixar ir tudo o que não me deixa fluir na direção do amor.
Cantei uma canção que escrevi em 2022.
Deixo ir, Deixo ir, o que não me deixa fluir.
Mãe Divina, Mãe Natureza,
com suas águas me traz a clareza
limpa meu corpo dos pés a cabeça
que aqui só fique amor e pureza.
Eu sei que eu sou amor.
Todos nós somos. Todos nós somos fragmentos de Deus. E Deus é amor.
Então a única coisa que precisamos fazer é soltar aquilo que nos impede de ser o que já somos.
Soltar a desconfiança
Soltar o medo
Soltar o apego
Soltar tudo aquilo que nos impede de viver
o nosso maior desejo
que é experienciar a união e o amor verdadeiro.
Nesse mesmo dia, escrevi no meu caderno uma mensagem que recebi:
I want to invite you to a new relationship with God.
You've been experiencing God as the Father, and your identity as the beloved daughter.
Now I want you to experience God as your soulmate. And your identity as his beloved bride.
É difícil de traduzir, mas basicamente eu senti o espírito santo soprando no meu ouvido e me convidando para uma nova relação com Deus. Se até então eu estava aprendendo a perceber Deus como o meu pai e eu como sua filha amada, agora eu estava sendo convidada a perceber Deus como o amor da minha vida. Oi?
Como seria viver a sua vida sentindo o seu coração tão preenchido, se sentindo tão provida e protegida, se sentindo tão verdadeiramente amada pelo Criador, que acaba a busca por qualquer validação externa do amor?
Seria lindo. Aí nesse caso tanto faz se eu vou virar a tia dos gatos na floresta ou se vou casar e ter filhos, porque de qualquer jeito eu vou me sentir completa. Ou isso significa que dessa vez eu vou viver uma vida da sacerdotiza e não vou experienciar uma união sagrada com um homem na Terra?
Não sei mais de nada.
Consciência amorosa… me ajuda?
Coloquei a mão no coração e pedi a guiança do amor.
Sem demora, ele chegou.
Carolzinha, Carolzinha.
É isso mesmo. Você ouviu direito.
Você é e sempre foi profundamente, completamente, incondicionalmente e verdadeiramente amada por Deus. Todos vocês são, mas vocês esqueceram.
Estar em união sagrada com Deus primeiro abre o seu coração para experienciar o amor com outra pessoa sem medo e por inteiro. Porque não importa o que acontecer, você sabe que é sempre amada e que tudo o que acontece é para o seu bem.
Pode respirar aliviada.
(Suspirei)
O seu propósito nessa Terra é ajudar as pessoas a terem coragem e confiança para abrirem o coração, para expressarem a verdade de quem são - e seguirem no caminho da sagrada união.
Você vai fazer isso através da sua arte, da sua comunicação, da sua escrita, da sua música e da sua livre expressão.
E para isso, você vai precisar aprender sobre a matéria do amor. Não tem jeito, fofa.
Essa aula do currículo da vida é imperdível, não dá pra matar.
Essa é a sua missão (e a missão de todos vocês): aprender a amar.
E parabéns! Você foi bem na prova dessa vez.
Você passou de fase.
E de presente de Bali, você recebeu uma linda e poderosa chave.
A chave da confiança em si mesma.
Esse é um trabalho pra vida inteira.
Confiar que você é amada e que você é amor.
Quando você entender e integrar essa informação no fundo do seu coração…
Você entra em uma nova dimensão.
Uma nova experiência da realidade:
onde você se sente confiante para amar e livre para viver a sua verdade.
ps: boa viagem. E fica tranquila, no tempo certo você vai voltar. Ainda não terminou a sua história com esse lugar (e vai ser melhor do que você pode imaginar).
Coloquei a mão na cabeça, incrédula.
Respirei fundo e sorri.
(gratidão se você ainda está me lendo, respira fundo comigo)
Haja coragem e confiança pra viver a aventura que é estar aqui.
A aventura de aprender a amar.
Com amor,
Carol Cor
Atividade de escrita criativa: O que a sua consciência amorosa tem pra te dizer sobre o amor verdadeiro?
A cachoeira que me ajudou a deixar ir
Um encontro de amor comigo mesma (quando fugi para as montanhas)
Com bruxa não se mexe, dizem por aí. Mas essa bruxa já cansou de dizer não e decidiu que o seu coração ela vai abrir.
E que assim seja, porque assim é.
Sem palavras pra descrever sua poesia traduzindo a magica de perceber que o amor Divino é o único que nos preenche e que só a partir dessa completude expressamos quem verdadeiramente somos -- é realmente simples assim. Gratidão por compartilhar seus dons e autenticidade com o mundo, essa energia reverbera em cada palavra e toca cada alma que tem a sorte de te ler. E parabéns por integrar lições tão dolorosas, porem necessárias, e possibilitar que essa sabedoria chegue a outros, também ❤️
Nessa eu parei na metade de tão chocada. As chaves virando, era isso mesmo!
A consciência amorosa deve estar orgulhosa!