Brooklyn, NY, 12 de Novembro de 2024.
A luz do sol entra pela janela oscilante, dançando com as folhas das árvores que caem lá fora. É outono - minha estação favorita em Nova Iorque. Está frio para uma brasileira (7 graus), mas os dias estão ensolarados e perfeitos. Eu amo essa energia introspectiva e aconchegante que antecede o inverno.
Já fazem dois anos que eu não venho a essa cidade - que foi o último lugar que eu oficialmente chamei de lar. A minha cigana interior me desviou intencionalmente do inverno pelos últimos dois anos - e os efeitos não foram muito positivos.
Hoje eu entendo que eu preciso viver as estações externas e internas. Eu preciso viver o frio do lado de fora, pra dar uma pausa no fluxo constante das novas e calorosas experiências dessa leonina com ascendente em escorpião e lua em sagitário que Deus criou.
Só mesmo a força da natureza pra me parar, me esvaziar e me fazer olhar pra dentro profundamente.
Essa é a música que toca o meu coração enquanto escrevo: Before you Left.
(antes de você partir)
Antes de partir, eu já morei aqui.
Vivi na cidade de Nova Iorque entre 2016 a 2018.
Essa história só sabe quem me conhece.
PS: Eu sei que essa newsletter é o meu diário e aqui eu escrevo livremente sobre tudo o que eu sinto. Mas eu quero avisar a você que me lê, que hoje - talvez mais do que os outros dias - essa carta vai ser um processo de auto-terapia. Se você só quer ler a mensagem sábia da minha consciência amorosa - risos, mas entendo - essa parte do texto começa logo depois da foto, é só passar pra baixo.
Mas hoje faz mais de um mês que eu não escrevo. E eu preciso escrever com frequência pra me entender e me lembrar de quem eu sou. Se ressoar pra você, pega seu cházinho e vem comigo. No final do texto de hoje, eu te convido a fazer o mesmo. Talvez essa atividade de escrita criativa possa te inspirar a revisitar a sua história com um novo olhar. E reencontrar partes de você que precisam da sua ajuda pra deixar algo morrer… ou apenas para se entregar ao que está a acontecer.
Eu não sabia que eu estaria aqui, nesse ano.
Preciso recapitular. Como eu vim aqui parar?
Corta, pausa, volta. Eu estava em Bali, planejando ficar na Ásia até janeiro. Em Setembro, recebi um convite da minha mentora e irmã de alma Nai-Kéren, para guiar uma vivência em um retiro de final de ano no norte do estado de Nova Iorque. Quando ela disse o nome do retiro - Womb Awakening - o meu ventre disse: mude os planos, você vai.
Terminei o treinamento de Kundalini Yoga na Índia - essa história vai ficar para semana que vem - e me organizei para estar aqui no início de Novembro, pra matar a saudades dessa cidade que foi a fonte de inspiração de tantos sonhos criativos que pari.
Quando cheguei, me deparei com uma parte de mim que eu não imaginava que iria reencontrar aqui:
Era uma vez uma parte de mim que acreditava que ia construir a sua vida em Nova Iorque.
Você pode escolher pular para a conclusão, ou se sentir de ler, essa parte do texto é uma recapitulação sobre a minha vida pessoal e uma parte da minha história.
A primeira vez que eu morei em Nova Iorque foi em 2010. Resumidamente eu tive uma crise de identidade enquanto eu cursava arquitetura - eu descobri que não era (só) aquilo que eu queria fazer - dei uma pausa na faculdade e consegui ser aceita em um programa de intercâmbio na New York University. Eu tinha 20 anos.
O bonito do sistema educacional nos Estados Unidos é que você escolhe as matérias que quer estudar. Naquela época fiz o meu remix e estudei arte contemporânea, cinema e direção criativa para marcas. Eu não sabia o que eu queria fazer da minha vida - eu não conseguia escolher. Eu só sabia que eu queria criar. Criar muitas coisas. E como eu não sabia o que exatamente, a minha estratégia era explorar um pouco de tudo.
Um mês antes de voltar para o Brasil (prometi para os meus pais que eu ia terminar a faculdade de arquitetura e urbanismo na UFSC), eu lembro que eu acordei no meio da noite (na minha mini-kit-net compartilhada com uma chilena no lower east side) e tive a ideia da Original Kids.
E se eu começar a levar artistas e profissionais criativos para escolas públicas no Brasil para inspirar as crianças a explorarem seus potenciais? E se os artistas co-criarem obras de arte e produtos de design com as crianças e o dinheiro arrecadado com as vendas possam ser fonte de renda para criarmos programas de criatividade e ateliês (templos criativos) nessas escolas? Pensei.
Talvez assim essas crianças não precisam pelo que eu passei. Essa crise de identidade. Essa sensação horrível de não saber qual é o meu propósito. Essa confusão de querer fazer muitas coisas e acabar não fazendo nada. Esse aperto no coração de não saber expressar com clareza quem eu sou e o que eu vim aqui criar.
Hoje eu sei - o que nós sentimos que mais precisamos em nossas vidas, é o que viemos aqui oferecer para o mundo.
O projeto Original Kids aconteceu de 2011 a 2015 em Florianópolis. Muitas crianças foram tocadas pelo projeto, muitos artistas se envolveram, muita arte foi co-criada - mas na prática, tudo era muito mais desafiador do que eu pensava.
Lembro do dia que eu cheguei em casa muito frustrada.
As crianças mais criativas eram normalmente aquelas que tinham mais dificuldade de valorizar suas criações. As crianças mais talentosas eram aquelas que se julgavam, se criticavam, eram hiper-perfeccionistas, impacientes e não apreciavam o processo criativo.
Qualquer semelhança não era mera coincidência.
Eu entendi que a solução não era só estimular a criatividade (afinal, quantos artistas geniais morreram de depressão e overdose).
Crianças precisam de auto-conhecimento, inteligência emocional, um novo sistema educacional. E o mais importante: elas precisavam de pais e professores - educadores - que contribuem com o seu florescer natural. Sem a pressão de: o que você vai ser quando crescer?!
Minha pergunta era: como mudar o sistema de educação e levar o conhecimento sobre o nosso mundo interno para as escolas? Essa foi minha pesquisa e tese de mestrado.
Meu pai - que além de ser meu maior mentor, na época era o meu chat gpt - logo encontrou um dos melhores e mais inovadores mestrados em redesenho de sistemas da sociedade: Design Transdisciplinar na Parsons.
Apliquei para o programa de bolsa da Universidade - e ganhei.
Na época eu tinha um namorado que eu amava muito. Acho que foi um dos melhores relacionamentos que eu já tive. Cheguei a me questionar se eu deveria ir mesmo. Mas eu vim. Ele me apoiou. Namoramos há distância por quase dois anos. A gente deu um jeito por um tempo. Nas férias do mestrado eu passava 3 meses no Brasil e ele vinha me visitar duas vezes por ano, por alguns meses.
Mas teve um momento que a distância se tornou um peso e decidimos terminar. Eu acho que ele não sabe o quanto foi difícil pra mim.
Quando eu voltei pro Brasil pra ajudar o meu pai, lembro que tentamos nos reconectar mas já não era a mesma coisa. Nos tornamos amigos.
A vida tem disso… o tempo das coisas.
O tempo passou.
7 anos, exatamente.
Estou com 34 anos. O tempo passa mesmo.
Essa é a primeira vez que eu sinto o Tempo de uma forma diferente.
Sinto ele mais… precioso.
E ao mesmo tempo, eu nunca tinha sentido tanta saudades de uma versão minha do passado.
A versão da Carol realista, pé no chão e muito normal. Ela tinha um namoro saudável, fazia mestrado, trabalhava como professora e consultora e tinha um sonho bonito e simples: ter um apartamento em Williamsburg, ter um cachorro e dois gatos, um relacionamento estável, continuar sendo consultora criativa de grandes empresas e ter uma startup de educação infantil transformando a vida de crianças no sistema público de ensino.
Olho pra fora, são 4:40pm e o sol já está indo embora.
Me pergunto - e pergunto pra Deus - se eu deveria me reconectar com esse sonho. Ou se eu deveria deixar ele partir. Eu quero saber como pensar, o que fazer, como agir.
Acendo a vela.
Fecho os olhos. E me conecto com o portal: ventre-coração. Pergunto, em oração: Deus pai, Mãe Divina, alma, amor, vida (até hoje eu não sei exatamente de onde vem as respostas)… Existe algo que eu vim resgatar (ou deixar ir) aqui? Ainda há alguma porta que eu preciso fechar… ou reabrir? Existe algo que eu ainda preciso entender, fazer, saber, resolver sobre o meu ser… ou é só deixar a vida fluir?
…
- Olá, meu amor. Estava com saudades.
Senti a energia da consciência amorosa ajustando a frequência da minha mente.
Um suspiro profundo e tranquilo de alívio aconteceu, naturalmente.
Eu também estava com saudades. Desculpe ter demorado tanto tempo pra voltar a escrever aqui… mas eu estava vivendo a vida… intensamente.
- Eu sei. Você estava se conectando comigo de formas diferentes. Está tudo bem. BY THE WAY: Parabéns. Já faziam alguns anos que você queria fazer uma formação em Kundalini Yoga não é mesmo? E você finalmente encontrou o treinamento que era o mais alinhado para você! Viu como foi importante esperar? Você não imaginava que a sua professora teria 84 anos e que ela ia tão profundamente te inspirar.
Realmente. Eu nunca imaginei que eu ia aprender diretamente com essa professora. Uma das melhores professoras de Kundalini Yoga do mundo, oficialmente. Não sei é a você que e eu deveria agradecer mas… sinto gratidão por ter recebido esse presente. Foi importante sim, esperar.
- Já estava escrito. Desde 2017 quando você fez a sua primeira aula de kundalini yoga - aqui, em Nova Iorque - e saiu da aula pensando que tinha acabado de encontrar a Yoga da Magia, lembra? Lembra que você manifestou uma oportunidade nova naquele dia, algumas horas depois? E você intuiu que um dia ia se aprofundar nesse método de yoga. Eu já sabia que em 2024 você estaria aprendendo com essa professora. Mas você ainda não precisava saber.
Essa cidade abriu tantas portas pra você, não é mesmo Carolzinha?
Você criou a ideia da Original Kids em 2010, aqui. Você conheceu o movimento do ecstatic dance em 2017, aqui. Você concluiu um mestrado de Design Transdisciplinar em 2018, aqui. Você conheceu sua família de alma, aqui. Trabalhou no departamento de inovação da ONU, aqui. Deu aula de práticas sociais na graduação de artes da Parsons, aqui (e você foi uma professora um tanto quanto revolucionária para o ambiente acadêmico. Lembra que você colocava os alunos pra meditar e dançar no início da aula?). Você consagrou cogumelos pela primeira vez, aqui. Você acessou a consciência que não queria mais beber álcool, aqui. Você despertou a vontade de começar a compartilhar a sua voz online, aqui. Tocou oficialmente como DJ em uma festa pela primeira vez… aqui.
Assim como você derramou muitas lágrimas, aqui. Se sentiu sozinha, aqui. Teve um aborto, aqui. Teve uma depressão profunda, aqui. Terminou um dos relacionamentos mais bonitos da sua vida, aqui. E recebeu a notícia de que o seu pai estava com leucemia… aqui.
É normal você estar sentindo esse mix de emoções, Carol. Quando você voltou aqui em 2019, seu pai ainda não tinha falecido. E quando você voltou em 2022, logo após a ‘pandemia’ você foi direto para a casa da sua amiga em upstate NY e não ficou na cidade.
Essa é a primeira vez que você está de volta. Que você está revendo todos os seus amigos. Que você está se lembrando de como era morar aqui. Você está se lembrando de quem você era aqui.
E como em todo lugar, essa cidade também tem a sua luz e a sua sombra, a sua beleza e a sua dificuldade.
É… mas depois da Índia, Nova Iorque parece ser a cidade mais tranquila do mundo.
Sim, a Índia não é pra qualquer sistema nervoso, rs. Eu sei que não foi fácil pra você. Mas agora você está aqui! Sendo tocada pelo seu passado. Nostálgica com os desejos não realizados. Inspirada e grata pelos sonhos que aqui foram plantados e que já foram co-criados. Tá tudo bem sentir tudo isso, meu amor.
Você não precisa resolver nada. Você só precisa sentir e se abrir para ouvir o que o seu coração tem pra te dizer. Em cada lugar que você vai, o seu coração é tocado por uma frequência diferente. Alguns lugares te revelam sentimentos, insights e expressões que você nunca sentiu antes. Outros, despertam memórias e sabedorias ancestrais, de vidas que você já viveu (nessa e em outras encarnações).
Quem você é e o que você veio aqui criar é influenciado pelo lugar onde você está. Pelo inconsciente coletivo do lugar. Pelo clima do lugar. Pelas pessoas do lugar. Pela história do lugar. Pelas linhas astrológicas que você tem nesse lugar.
Por isso é tão importante escolher um lugar que te inspira, te eleva e te ajuda a ser tudo o que você veio aqui ser. É como uma plantinha. Se você colocar um Cactus no Mangue, não vai dar certo. O mesmo acontece se você plantar uma bananeira no deserto. Já que você tem a liberdade pra escolher… porque não se permitir morar no lugar que te ajuda a expressar a versão mais alegre e radiante do seu ser?
Ah, pra você é fácil dizer. Você sabe que eu ainda não consegui escolher. Eu já fiz mapa astro-cartográfico, tirei tarot, pedi orientação pra Mãe de santo. Estou viajando há 4 anos. Já fazem dois anos que peço a Deus pra me mostrar, pra me guiar, pra me sinalizar onde eu vou morar - e nada. Eu já disse que eu entrego o controle. Eu quero morar no lugar que Deus quer que eu more. Pode ser no Brasil, pode ser aqui, pode ser em qualquer lugar, honestamente. Eu só queria saber onde é o meu lar.
- Fofinha. E se eu te disser que você não precisa saber - e ao mesmo tempo, nunca esteve tão perto de saber? E que todo esse processo é um presente pra você? Cada viagem te ajudou a ter clareza do que você quer e não quer, do que ressoa e do que não ressoa.
Cada lugar despertou diferentes pedacinhos do seu ser. E aqui você está, outra vez, como uma nova versão de você, depois de ter conhecido mais de 25 países. Eu te prometo que quando essa clareza chegar, você vai sentir muita gratidão por ter viajado até cansar.
Deixa eu te lembrar: se você ainda não sabe, é porque não é pra você saber, minha filha.
Se você não tem, é porque agora, você não precisa.
Se você não é, é porque não é pra você ser - ainda.
Tudo o que você é, tem e sabe agora é exatamente o que você precisa ser, ter e saber agora.
Nem mais, nem menos. Quantas vezes eu vou ter que te lembrar?
Tudo está em divina e perfeita ordem.
Deus sabe o que faz, você só precisa soltar a dúvida e confiar.
Pare de querer ter, saber ou ser mais do que você tem, sabe e é.
Seja grata por tudo o que você se tornou, mulher.
Tenha consciência da divina providência.
Tenha consciência dos ciclos e do tempo da natureza.
E lembre-se… o segredo para ser e ter tudo o que você veio aqui ser e ter
é simplesmente aproveitar cada momento como é
e por tudo agradecer.
Eu sei, pode parecer clichê.
Mas é só isso que você precisa saber:
Aproveite cada momento exatamente como a vida está a lhe oferecer
porque cada presente é literalmente
um presente co-criado
para o seu ser
para aproveitar e receber
ou
para lembrar e aprender
de quem
verdadeiramente
é
você.
Sem pressão.
Você não precisa saber
quem você vai ser quando crescer.
Deixa Deus fazer acontecer.
Tudo o que você busca
você já tem.
Tudo o que você quer se tornar
você já é.
Deixa a história se revelar.
Deixa pra Deus, o que você não pode controlar.
O que depende de você:
é como você percebe, experiencia e co-cria
com a orquestra divina.
E isso depende da frequência da sua energia.
Você já tem todas as ferramentas.
Você só precisa praticar todos os dias
a percepção que te ajuda a acessar
a sua verdadeira magia.
ATIVIDADE DE ESCRITA CRIATIVA: Qual é a percepção mais amorosa que você pode acessar sobre a sua história e o momento que você está vivendo agora? ps: essa percepção é a verdadeira
:)
Com amor,
Carol Cor
<3
NOVIDADE:
Como de costume, todos os anos eu guio uma prática de reprogramação (com consistência & magia) de 21 dias - pra fecharmos o ano com chave de ouro e abrirmos as portas do novo, dando um salto quântico nas nossas vidas através da elevação da nossa energia.
Se você quer saber como participar, entra no grupo do Whatsapp que logo mais eu mando as novidades. Tenho tantas coisas novas pra contar! Vai ser uma alegria compartilhar o melhor do que eu aprendi e do que tem contribuído com minha vida até aqui.
É muito doido que parece que sempre que leio você, eu estou passando pelas mesmas coisas só que seus lugares são muito mais chiques né, não tem como competir heueeueeeureueheu
Gostei muito de criar essa conta para te acompanhar, tu tem muita história né 😁
Escrever é transformar.